Treinamento: experiência morta ou instrumento psicológico?

  • Talita Machado Vieira Programa de pós-graduação em Psicologia, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Assis-SP, Brasil.
Palavras-chave: Futebol, Psicologia do Esporte, Aprendizagem, Medicação

Resumo

O presente artigo aborda a questão da formação esportiva de atletas de futebol e tem como objetivo evidenciar a relação que existe entre os modelos de ensino adotados pelos treinadores e a apropriação que os adolescentes fazem acerca dos conteúdos que integram sua modalidade esportiva. O material examinado neste artigo foi obtido mediante o emprego do dispositivo metodológico da Autoconfrontação Simples, segundo as formulações da Clí­nica da Atividade de Ives Clot, valendo-se da análise de documentos, da observação participante, das entrevistas semiestruturadas e da análise de ví­deo. Considerando que o momento de permanência na categoria de base tem a clara finalidade de produzir atletas para o futebol profissional, parece pertinente assumir que o modo como as atividades são desenvolvidas com os jovens interfere no tipo de profissional formado para o ofí­cio de futebolista. Na análise apresentada, os atletas variavam entre a ampla dependência em relação à figura do treinador e a autonomia no que se refere à análise de seus desempenhos e à capacidade de realizar alterações ou ajustes a fim de poderem realizar seu trabalho no momento do jogo. Assim, partindo do referencial teórico-conceitual da Psicologia Histórico-Cultural, entende-se o papel do treinador como agente de mediação da aprendizagem esportiva, sinalizando que os diferentes estilos pedagógicos conduzem a formação de atletas com caracterí­sticas igualmente distintas, na medida em que interferem na apropriação que o sujeito faz acerca dos conteúdos. Na senda das discussões sobre o atleta inteligente, cumpre observar quais estratégias pedagógicas parecem favorecer a formação deste tipo de atleta.

Biografia do Autor

Talita Machado Vieira, Programa de pós-graduação em Psicologia, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Assis-SP, Brasil.

Psicóloga pela Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Mestra em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP-ASSIS)

Doutoranda em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP-ASSIS)

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Publicado
2020-04-19
Como Citar
Vieira, T. M. (2020). Treinamento: experiência morta ou instrumento psicológico?. RBFF - Revista Brasileira De Futsal E Futebol, 11(45), 515-527. Recuperado de https://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/851
Seção
Artigos: Edição Especial